Foto: Lucas Amorelli (Arquivo/Diário)
Não é de hoje nem novidade para a comunidade santa-mariense que o Lar das Vovozinhas, assim como outras instituições filantrópicas de cuidados e apoio, passam por dificuldades financeiras. Em uma reportagem publicada pelo Diário em março deste ano, o presidente do Lar das Vovozinhas, Saul Fin, já havia declarado que todos os meses faltam cerca de R$ 50 mil para pagar as despesas do lar, que acolhe cerca de 190 vovós.
Neste final de semana, um post feito por uma visitante do lar nas redes sociais acabou gerando reações das mais diversas. Na postagem, uma mulher comenta que foi ao lar entregar um presente de Natal para uma vovó e deparou com uma situação complexa, de falta de higiene e idosas saindo dos quartos pedindo roupas. O relato da visitante já teve mais de 560 reações e 430 compartilhamentos além de comentários concordando e discordando com a situação relatada.
Diante do relato, o Diário buscou o Ministério Público Estadual (MPE), que faz fiscalizações anuais nos lares para idosos no Estado. Conforme o promotor Fernando Chequim Barros, responsável pela 1ª Promotoria Civil de Cidadania de Santa Maria, a situação do lar vem sendo acompanhada de perto há algum tempo.
- Recebemos uma informação que ainda está sendo investigada. O que podemos falar neste momento é que o lar passa por uma situação de dificuldade e estamos preocupados. O lar atende mais de 170 vovós e isso requer um número grande de pessoal. Já pedimos à Vigilância Sanitária uma vistoria no local para ver as condições e, após o laudo, vamos nos reunir com a direção da casa para encontrar uma solução. O lar é uma associação que vive de doações de empresas e os benefícios das vovós - afirmou o promotor.
O Diário também buscou o presidente do Lar das Vovozinhas, o voluntário Saul Fin. Segundo ele, o relato da visitante é maldoso e não expõe a realidade do local:
- Essa pessoa queria entregar pessoalmente um presente para uma vovó fora do horário de visita. Era troca de turno e os funcionários estavam naquele momento trocando as fraldas, procedimento que ocorre pelo menos três vezes por dia. A vovó estava na ala 3, a psiquiátrica, onde só devem ser permitidas visitas fora de horário para os familiares. Não escondemos de ninguém a nossa dificuldade financeira. Por isso, até não estamos mais acolhendo vovós novas. Mas esse relato é maldoso. Também não deveríamos ter permitido a visita, mas o voluntário deixou diante do pedido dela - afirmou Fin.
Conforme o presidente, o custo para se manter uma vovó é cerca de R$ 3 mil mensais, e 70% das internas ganham um salário mínimo. Poucas famílias ajudam complementando esse valor, e as doações em dinheiro são insuficientes.
- É uma situação complexa. Se o lar fechar, qual o destino dessas vovós? O ideal seria reduzir o número de internas, mas o que fazer com as pessoas? - questiona o promotor.